Neste editorial uma proposta de deslocamento também no modo de olhar os elementos de valor do belo e do efêmero.
A moda, nessa também evocação da impermanência, o brilho que não deve ser ofuscado jamais, remete àquilo que também entra em ciclos: elementos urbanos, invariavelmente, refazem-se com o tempo. A própria moda, objetos de uso do cotidiano, o desgaste do tempo e o que se faz obsoleto.
Contrastes, nem tanto... os mesmos tons de asfalto, metal e graxa compõem peças de luxo e das carcaças, motores jogados, desmontes, peças aglomeradas aos montes numa quase arte que terão uma segunda chance ou não!
Vestidos atemporais, o brilho que se refaz em coleções, tecidos que se moldam ao corpo de mulheres nem tão frágeis assim! A plena noção de saber-se tão transitório, nem tão perfeito quanto tudo!
Um corpo que sustenta, um resto de objeto desgastado pelo tempo, material sem interior, interior vazio.
A dança, linguagem corporal, esse acontecer inconsciente e pulsional: ali uma força circula e permite ao corpo expressar-se naquilo em que é tocado.
Na aparente dureza do metal torto e enferrujado um corpo que, flexível, ágil, faz-se rijo forte e potente, também frágil, belo, uma carcaça que revela algo mais de seu conteúdo.
A obra Carcaça versa sobre os valores efêmeros da sociedade atual consistindo numa investigação, que reside na fronteira entre, dança, teatro e performance. Trata-se de uma intervenção urbana de interação com uma carcaça na cidade, algo que já se foi como conteúdo e valor de uso, utilizando-se de coreografias e/ou improvisações, guiadas pelos conceitos - transformação, deformação e sustentação - em conexão com o movimento do corpo e a cidade.
Strondum
Performers - Antônio Junior, Cláudio Henrique Oliveira, Eduardo Lopes, Lucas Borges e Mariane Araújo.
Fotos Cintia Guimarães
Modelo Taciana Miranda